Meio de volta...

domingo, março 11

Três menininhas...Âmbar




O dia tinha ficado para trás.
Até que a aguá morna lhe banhou o corpo,estremeceu a pele e arrepiou sua alma.
Sentiu de novo o calor forte,o cheiro da brisa do mar o vento trazendo a areia fina os olhos protegidos pelos óculos especiais...trabalhar no meio do nada entre o deserto e o mar parecia ser uma coisa atraente o dinheiro foi o fator decisivo.Aceitei e vendi minha alma...perdi o direito de ser ...de ter e viver ...mas para quem nunca foi muito social e pra quem sempre teve meia duzias de amigos ou nenhum isso não era o problema.-eu achava que não-

O dia da fornalha do inferno.

O gelo da água o calor do verão eram 4:45 da manhã o dia se abria aos poucos o ceu azul celeste ja despontava e o sol colocava a lua para dormir.

O ônibus parecia dançar uma valsa de ninar de tão lento...e aquele balançar nos fazia dormir. Eramos todos contratados para exploração de petróleo.Um novo projeto na bacia do petróleo.
Somente 3 pessoas conheciam a verdade sobre o projeto.Eu era não era um das três pessoas ,mas hoje isso mudaria.

-Elevador 3 com problemas- (sala de monitoramento PROJETO INFERNO)
-Direcione as câmeras....me diz quem esta dentro dele!?-
-Redirecionando....ai está... Âmbar!!! (o técnico riu) ela sempre fica presa...(riu de novo)
-Ela esta nos dando tchau!! riram
-Ok...liberando a Âmbar.....vai lá pedra rara vamos te soltar agora...3,2,1

-Presa de novo?
-sim..no mesmo lugar!! O que tem no nível 3?
-Onde? nível 3?
-Devo ter me confundido....
-E deve....

Quando o sol ficou a pino o almoço foi liberado.Parecia um dia atípico estava parecendo um dia não programado como se os anjos tivessem tirado férias... estávamos todos em silencio tudo muito estranho mecânico.
A primeira explosão me jogou no chão.Levantei com ajuda de um dos responsáveis pelo projeto -corre!- Foi tudo que ele falou eu o segui e parei para ver que o céu odiosamente azul estava laranjado era fogo e sangue?! -Meus anjos!- Continuei atras dele...descemos mais de 200 degraus o calor aumentava a cada degrau -Paramos no nível 3-Você me disse que não existia nível 3?!!!!-Ele me encarou e disse -eu não te respondi - abriu a porta o calor me queimou o rosto.

Ele me deu uma roupa especial.Continuamos a descer o cheiro era de incenso de infelicidade queimando em quantidades suficientes para sufocar o mundo inteiro respirei o oxigênio da mascara.

Os meus olhos contemplaram então um mundo que jamais na minha imaginação fértil eu seria capaz de criar!!!

Outro estrondo eu pude ver uma garota dentro de uma bolha era um ser mal e infeliz.....eu pedi em meus pensamentos que ela virasse sal por que estava ali para achar sal e petróleo e não garotas com o diabo no corpo!

Aqueles olhos se viraram para mim e ela riu -Eramos três menininhas agora só tem uma menininha!! riu um risinho debochado....

-Não fique ai parada é perigoso!-ele me puxou outro estrondo!!
-A fornalha parece viva !!!! gritei
-Ele sorriu -Esta.....

E la dentro as imagens retorcidas de pedras em chamas de um rio de lavas.....mas a voz dela ecoava em minha mente-Eramos trés menininhas...agora só tem uma menininha!!

Então vi a menina ser trazida de volta e a fornalha cuspiu uma gosma negra pegajosa...
-Petróleo.O diabo negro que você tanto venera -unica menininha-me encarou.

Eu vi naqueles olhos ...as outras duas menininhas...Lisis e Luz Maria...minhas irmãs gêmeas mortas

Eramos três menininhas.Lisis cantava.Luz Maria dançava e Âmbar tocava o piano.

Lisis sofreu um acidente estava morrendo sufocada num ato desesperado Âmbar lhe furou a"garganta" Lisis nunca mais voltou a cantar....morrendo alguns 1 ano mais tarde.
Foi encontrada morta com uma caneta atravessada a garganta.

Luz Maria dançava e rodopiava em volta do piano nos riamos muito e Lisis cantava....Luz foi atropelada na porta de nossa casa por uma moto...na ânsia de tira-la da rua Âmbar a puxou pelos braços ate a calçada....as pernas de Luz nunca mais voltaram a dançar ou a caminhar....Luz morreu 2 anos depois presa entre a cadeira de rodas e um carro que invadiu a calçada.

Quando atingiu a superfície de volta.... Âmbar foi informada da quebra de protocolo e que ela deveria voltar para casa e permanecer incomunicável até que recebese novas instruções.

O piano,a olhou quando ela entrou em sua enorme e infeliz casa. Enquanto a água lhe algemava a alma....as lagrimas represadas de uma vida de 27 anos mergulhada na mais completa angustia e culpa desciam silenciosas.Aqueles olhos de ódio ....o piano...lhe chamava....


A água descia pelos cabelos anelados de Âmbar os cabelos da cor de fogo os olhos do intenso azul o rosto queimando do calor da fornalha nua sob o banco do piano ela tocava intensamente..uma musica que desconhecia as notas cintilava ao redor dela...a vida morria a cada tecla desejada ....branca como a neve....o corpo dançava o ritmo do martelar das teclas a mulher nua com os cabelos molhados que encharcavam o banco e o tapete o som único daquele piano magnifico que a muito tempo estava ali a sua espera...os olhos de ódio...Luz ...Lizis...o fogo....a fornalha..o ódio....nua ....Âmbar....